27/07/2020 15:01

Em entrevista exclusiva, Secretária de Cultura da Contraf-CUT fala sobre a defesa dos direitos dos empregados, da Caixa 100% pública, home office e Saúde Caixa

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Conhecida pelos colegas bancários como Fabizinha ou Fabianinha, Fabiana Uehara Proscholdt é empregada Caixa desde 2001, começando sua trajetória na agência Rudge Ramos em São Bernardo do Campo/SP, passando pela CETEL/SP, pela CEAUT/DF e pela SUINT/DF, onde foi Analista de Conformidade. Formada em Direito pela Faculdade de Direito em São Bernardo do Campo e associada à APCEF/DF, hoje, aos 40 anos, Fabiana é secretária geral do Sindicato dos Bancários de Brasília e secretária nacional de Cultura da Contraf-CUT. No movimento dos empregados, também representa a Contraf-CUT dentro da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e coordena os Grupos de Trabalho Saúde Caixa e Saúde do Trabalhador, além de ser conselheira eleita no Conselho de Usuários do Saúde Caixa. Mãe, apaixonada por viagens, por séries e por passar um tempo com seus amigos, Fabiana Uehara conversa com a APCEF/RJ sobre sua trajetória no movimento sindical, sobre os direitos dos trabalhadores, os efeitos da pandemia na rotina dos empregados e muito mais.

APCEF/RJ - Quando e de que forma surgiu o movimento sindical em sua vida? Quais cargos já ocupou e ocupa atualmente?
Fabiana Proscholdt – Participo de greves desde 2004, mas nunca fui sindicalizada. Em 2007, quando me mudei para Brasília, fui participar da greve, mas ameaçaram tirar as funções de quem estivesse na luta na minha unidade. Fui pressionada a retornar, mas não ia conseguir trabalhar sabendo que outros colegas estavam lutando por direitos que eu também iria usufruir. Continuei em greve e, uns dias depois, entreguei uma carta denunciando a ameaça ao presidente do Sindicato, e aí fui entendendo o papel da entidade. Fui me sindicalizar em 2009 e, no mesmo ano, fui eleita delegada sindical. Em 2010, fui convidada para participar da chapa do Sindicato e entrei como secretária de Saúde. Em 2012, fui eleita na Contraf-CUT como diretora executiva. Em 2015, fui eleita secretária nacional de Juventude e, em 2018, fui eleita secretária nacional de Cultura. No Sindicato dos Bancários de Brasília, meu primeiro cargo na executiva é o de Secretária Geral em 2019. Pela Contraf-CUT, já fui presidente da UNI Juventude Américas, braço sindical internacional. Isso nos anos de 2013 e 2014 (o mandato era de 4 anos, entretanto, foi dividido entre mim e um companheiro argentino).

A Contraf-CUT congrega 8 federações e 104 sindicatos. Na atual conjuntura, como é dirigir a área de Cultura de uma entidade que representa cerca de 500 mil bancários e bancárias?
Fabiana Proscholdt – É uma pasta nova que reflete a configuração da CUT e que, assim, é permeada de desafios. Hoje, o cenário é de resistência e manutenção dos direitos dos trabalhadores bancários. A Cultura é uma vertente importante para atrair e agregar as pessoas para a luta, em especial os mais jovens. 

Fale um pouco sobre a configuração, como funciona e a importância da mesa única de negociação?
Fabiana Proscholdt – Nossa categoria é formada por 500 mil trabalhadores divididos em vários bancos. Quando falamos em mesa única, falamos de acordos e conquistas que valem para todos esses trabalhadores. A nossa força está justamente na união entre todos esses trabalhadores.

Em termos de conquistas e lutas, o que representa a mesa de negociação permanente com a direção da Caixa?
Fabiana Proscholdt – Em um passado não tão distante, a pauta da Caixa era entregue no estacionamento. Não resolvemos tudo na Campanha Nacional e, graças à mobilização e a construção dos empregados, conquistamos em ACT a mesa permanente, que é um espaço para diálogo e encaminhamento dos problemas e possíveis soluções.

Qual a importância das entidades representativas dos empregados da Caixa - principalmente a Fenae, os sindicatos e as APCEFs - na luta pela manutenção da Caixa 100% pública e na defesa dos direitos dos empregados?
Fabiana Proscholdt – Até 1985, os empregados da Caixa não eram considerados bancários e não tinham, inclusive, direito à sindicalização. Naquele ano, foi feita uma das maiores greves dos empregados na luta pelas 6 horas e pelo direito de se sindicalizar. Antes disso, era através das APCEFs e Fenae que os empregados se organizavam e lutavam. A Fenae e APCEFs tiveram um papel fantástico na vaquinha nacional, que foi feira para sustentar os empregados demitidos em 1991. Os sindicatos, APCEFs e Fenae são fundamentais para a manutenção e luta dos trabalhadores.

Você faz parte do Conselho de Usuários do Saúde Caixa. Como atua esse Conselho e qual sua importância para os empregados?
Fabiana Proscholdt – O Conselho de Usuários é um instrumento central para o acompanhamento da gestão financeira e administrativa do Saúde CAIXA, também temos o papel de tentarmos resolver problemas enfrentados pelos usuários além de levarmos melhorias. Hoje o Conselho possui caráter consultivo.

A pandemia do coronavírus prossegue e nada dos empregados contratados desde 2018 pela Caixa serem inclusos no Saúde Caixa. Em que pé está essa luta e qual a expectativa?
Fabiana Proscholdt – Nossa luta é pelo Saúde Caixa para Todos. Não só para todos os empregados terem o mesmo direito no plano de saúde, mas também pela própria sustentabilidade. A Contraf-CUT já cobrou em diversos ofícios que esses colegas sejam incluídos no plano ou que seja aberto negociação para isso.

Mesmo sendo superavitário, o Saúde Caixa continua sofrendo fortes ataques. Como combater de forma mais efetiva essa tática que, além de prejudicar os empregados, visa desonerar a Caixa para torná-la mais atrativa para privatização?
Fabiana Proscholdt – Temos que combater a Resolução 4.424/15 do Banco Central, para que não haja qualquer instrumento legal a obrigar a Caixa a cumprir normas destinadas a empresas abertas (CPC 33). Além disso, lutar pela retirada do 6,5% da folha de pagamento do estatuto da Caixa.

Como você avalia a atuação e empenho dos empregados da Caixa em meio à crise do coronavírus?
Fabiana Proscholdt – Eu tenho orgulho dos colegas, estão dando o seu melhor mesmo com todos os riscos. O que é inaceitável é a direção da empresa pressionar como tem pressionado por metas e afins, além de não cuidar como deveria dos colegas. A vida e saúde deles deveriam estar sempre em primeiro lugar.

Pensando em conjuntura futura, o que esperar da relação bancos, bancários e clientes após a pandemia?
Fabiana Proscholdt – Sei que muita coisa já mudou e ainda vai mudar. Todos nós, bancos, bancários e clientes, ainda estamos nos acostumando a uma nova realidade. Mas o que eu espero é que os bancários cada vez mais se mobilizem e não aceitem o trabalho precarizado.

Recentemente, aconteceu a 22ª Conferência Nacional dos Bancários, sendo a primeira realizada por videoconferência. Quais as principais reivindicações da minuta aprovada e qual o principal legado deixado pela Conferência?
Fabiana Proscholdt – Além da Conferência Nacional, também tivemos o 36º Conecef, que é o espaço de construção específico das reivindicações dos empregados da Caixa. Ambos foram feitos por videoconferência e, o que fica, é que temos como nos reorganizar e mobilizar. A tecnologia está aí também para nos ajudar. E o tema foi perfeito: “a distância não nos limita”. As principais reivindicações são a manutenção dos direitos, aumento real, PLR e defesa da saúde.

Consta na minuta de reivindicações cláusula para regular o home office. Qual a importância desse item em termos de garantias de direitos dos bancários e bancárias?
Fabiana Proscholdt – Para começar, o home office tem que ser um direito do bancário. Hoje, os custos desse trabalho estão todos para o trabalhador: tem a questão de ergonomia etc. Assim, essa regulação é importante justamente para se ter algum parâmetro, além de resguardar a saúde.

Quando deve acontecer e quais as suas expectativas para a primeira rodada e negociação da Campanha 2020 entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban?
Fabiana Proscholdt – A pauta foi entregue no último dia 23, e acredito que nos próximos dias já teremos algum desdobramento. 

Registre aqui sua mensagem aos empregados da Caixa.
Fabiana Proscholdt – Eu tenho orgulho de ser empregada da Caixa, orgulho da história da nossa empresa e dos empregados que fazem a construção dela todos dos dias. Temos um cenário difícil, mas é com nossa luta e mobilização que vamos defender a Caixa 100% Pública e, consequentemente, nossos direitos. A participação de cada um é fundamental! Vamos juntos!

#MexeuComACaixaMexeuComOBrasil

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