02/02/2024 08:20

Isabel Gomes comenta a trajetória de Pedro Eugênio e fala da homenagem da APCEF/RJ

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A notícia de que a APCEF/RJ se prepara para homenagear Pedro Eugênio, ex-presidente da Fenae, falecido em 24 de março de 2021, tem tido grande repercussão entre os empregados da Caixa. Para comentar sobre o tema, preparamos entrevista exclusiva com Isabel de Fátima Ferreira Gomes, viúva do homenageado. Conhecida na Caixa por sua destacada carreira como advogada e também pela participação no movimento dos empregados, Isabel, motivada por Pedro Eugênio, participou por muitos anos da ADVOCEF (Associação Nacional dos Advogados da Caixa Econômica Federal), sendo sócia fundadora da entidade e Diretora Regional Sul. Ainda participa da Associação e, informalmente, assume a representação quando convocada pela direção. Na entrevista, ela comenta sobre a trajetória do Pedro Eugênio e fala sobre a futura inauguração do ‘Centro Sociocultural Pedro Eugênio Beneduzzi Leite’, homenagem da APCEF/RJ ao seu finado marido. Confira!

Qual a importância que Pedro Eugênio teve nas lutas dos empregados da Caixa, na oxigenação das Apecfs e no fortalecimento da Fenae?

Isabel Gomes – O Pedro Eugênio, por seu caráter gregário, desde que entrou na CAIXA começou a criar laços com a APCEF/PR. Tão logo houve eleição ele já se candidatou ao conselho deliberativo e, empossado, foi eleito por seus pares como secretário geral. A partir de então a vida associativa foi a missão pela qual ele dedicou a vida e por duas vezes foi presidente da APCEF/PR. 

De tal modo abraçou a luta pelos direitos da categoria, ampliando-a para pauta sindical que se tornou um líder reconhecido e respeitado, o que o levou ao sindicato dos bancários de Curitiba, onde também foi presidente. Nesse cargo, liderou várias greves históricas da categoria e fez parte de um grupo nacional de defesa da CAIXA.

O Pedro era um líder carismático e acolhedor que ouvia a demanda de cada um de forma pessoal e não descansava enquanto não conseguisse encaminhá-la e dar uma satisfação ao colega. Nas causas coletivas era um defensor inflexível do empregado sem deixar de ouvir e ponderar os motivos da empresa sempre de forma equilibrada e educada procurando mediar os interesses sensatamente.

Permanentemente bem-humorado e de bem com a vida, ele não deixava que a dureza da luta lhe roubasse a ternura e era um incansável incentivador da luta. Ao deixar o sindicato, ele retornou ao seu lugar do coração que era o campo associativo, desta vez já na Fenae. Ali, ele pôde realizar seu grande sonho de fortalecimento das associações.

Parece que foi ontem, mas no próximo dia 24 de março completam três anos que Pedro Eugênio se foi. Qual foi o legado que ele deixou?

Isabel Gomes – São três anos em que diariamente ele faz falta. Nos embates que envolvem a CAIXA com seus empregados, nos grandes temas da vida nacional, nos melhores e piores momentos, a legião de admiradores que ele deixou lamenta por não ter sua voz firme e sensata para orientar as decisões. Penso que o maior legado do Pedro Eugênio seja a união dos trabalhadores da CAIXA por condições dignas de trabalho, ao mesmo tempo que a defesa intransigente da empresa 100% pública para cumprir seu papel social.

O Brasil e a Caixa estão carentes de homens como Pedro Eugênio?

Isabel Gomes – Claro que sou suspeita para falar do Pedro, mas são muitos e muitas que se queixam da falta dele, o que me dá a segurança de estar falando a verdade. Penso que pessoas que reúnam tantas qualidades para a vida pública como as dele são raras. Eu não sei se conheço muitos outros, embora no nosso meio existam inúmeros companheiros valorosos. É que o Pedro aliava uma excelente formação política e firmeza de propósitos a uma impressionante sensibilidade e empatia que fazia as pessoas se sentirem muito próximas dele, e isso produzia um amálgama em prol da luta.

O Pedro era convincente porque acreditava no que dizia e dizia sua verdade de forma suave sem desconhecer a verdade do outro. Isso na vida pública é valioso porque o homem público, um líder deve ser capaz de inspirar e motivar para causas nobres. Então, eu diria que sim: o Pedro Eugênio faz falta ao ambiente CAIXA e ao Brasil.

Como você avalia a homenagem da APCEF/RJ dando ao Centro Sociocultural o nome de Pedro Eugênio?

Isabel Gomes – Eu achei uma iniciativa admirável da APCEF/RJ e isso se confirma na repercussão positiva que a notícia teve. As pessoas estão ávidas por exemplos positivos, por ações edificantes. E essa homenagem que retrata um reconhecimento da Associação ao papel do Pedro frente à Fenae para a recuperação da Apcef contempla esse desejo. Particularmente, eu fiquei muito grata porque sei que a única gratificação que o Pedro esperava para sua atuação era o reconhecimento da categoria, à qual ele dedicou sua vida.

Você vem ao Rio de Janeiro para a inauguração do Centro Sociocultural Pedro Eugênio?

Isabel Gomes – Certamente estarei presente à inauguração como forma de agradecimento à APCEF/RJ e ao tributo à memória do Pedro. Tenho a alegria de ter estado ao lado dele na sua caminhada e agora que sigo sozinha; procuro seguir nos mesmos passos que ele daria. E ele com certeza estaria exultante com tão nobre gesto da APCEF/RJ. Desde que soube da notícia pelo Matileti fui tomada pela gratidão. Assistir a concretização dessa promessa será uma grande alegria.

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Isabel Gomes – Gostaria de encerrar com uma poesia do Vinícius que me lembra muito o Pedro. Ela fala de amor e o Pedro era todo amor: pelo próximo e pela humanidade, com uma enorme capacidade de aceitação e perdão. Então, eu faço uma analogia entre o amor romântico da poesia com o que eu considero o “grande amor” do Pedro: sua missão de liderar, acolher, tranquilizar e orientar essa ínfima parcela da humanidade que somos nós, empregados da CAIXA.

“Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto – pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo, mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente – e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia – para viver um grande amor. (...)”.

Esse era o Pedro e seu grande amor: a causa dos trabalhadores da CAIXA. 
 

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