Metas abusivas e assédio ampliam crise de saúde mental entre bancários
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A pressão intensa nas agências bancárias tem provocado um quadro de adoecimento classificado por especialistas como epidêmico. Em audiência pública da Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados, realizada no dia 23, representantes dos trabalhadores, pesquisadores e autoridades alertaram que o modelo de gestão baseado em metas inalcançáveis, vigilância digital e assédio moral está diretamente ligado à grave situação de saúde mental, ao sofrimento e aos afastamentos de trabalhadores e trabalhadoras do setor.
Fenae na audiência
A Fenae apresentou pesquisa que revela índices preocupantes entre os empregados da Caixa Econômica Federal: 85% relataram ansiedade, 64% estresse, 58% depressão e 34% burnout. Para Sergio Takemoto, presidente da Fenae, a cobrança excessiva e a sobrecarga de tarefas comprometem a saúde e a dignidade dos bancários. Ele destacou que metas impostas de cima para baixo adoecem os trabalhadores e reforçou a necessidade urgente de reorganizar o ambiente de trabalho e combater o assédio. A Fenae defende reorganização do ambiente de trabalho para evitar adoecimento dos bancários.
Afastamentos na Caixa
Estudos nacionais, incluindo levantamento da Contraf-CUT em parceria com a Universidade de Brasília, confirmam que oito em cada dez bancários enfrentaram algum problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano, e quase metade necessita de acompanhamento psiquiátrico. Dados do Dieese indicam que, entre 2023 e 2024, 74% dos afastamentos por acidente de trabalho na Caixa Econômica Federal foram motivados por transtornos mentais e comportamentais, superando a média do setor bancário, que é de 57,1%.
Boas condições?
Mesmo diante de números tão expressivos, a Fenaban questionou a metodologia das pesquisas e manteve o discurso de que o setor oferece boas condições. Representantes dos trabalhadores e especialistas defendem, entretanto, a revisão urgente da organização do trabalho, a adoção de medidas de prevenção e o direito à desconexão como passos essenciais para conter o avanço do adoecimento.
Proteger a saúde
Diante de tantas evidências preocupantes, prevalece a certeza de que a luta continua. Sindicatos e entidades representativas reafirmaram a necessidade de proteger a saúde dos bancários e de cobrar das instituições financeiras a reorganização do trabalho e a reparação pelos efeitos de um modelo de gestão que impõe metas desumanas e compromete a saúde mental e a vida dos trabalhadores. A audiência terminou com um recado coletivo de força e esperança, mostrando que a categoria segue unida para conquistar respeito e condições de trabalho que preservem a dignidade de cada profissional.
Priorizar a saúde
"Cada vez mais, a saúde das bancárias e dos bancários é atacada pelo excesso de metas, cobranças absurdas e pressão constante. O trabalho e o ambiente precisam ser repensados, e a saúde dos trabalhadores deve ser prioridade", afirmou Paulo Matileti, presidente da APCEF/RJ.